Quais são os principais gatilhos para alergia em crianças?
Saber quais são os gatilhos é importante para evitar crises de alergia em crianças
Se um adulto com alergia já sofre bastante, imagine o quão desconfortável pode ser uma alergia em crianças. Os pequenos, muitas vezes, têm dificuldade para descrever o que estão sentindo e buscar ajuda. Além disso, dependendo da idade, nem mesmo conseguem falar. O desenvolvimento de uma alergia carrega componentes genéticos, passados de geração a geração, mas é o contato com alguns tipos de substâncias alérgenas presentes no ambiente que irá desencadear a alergia e seus sintomas tão incômodos1.
Entender a alergia em crianças e seus gatilhos é importante, especialmente porque o número de casos é alto: um estudo realizado nos Estados Unidos e publicado em 2022 com 192 mil crianças entre 4 e 17 anos, representando uma amostra da população norte-americana, constatou que cerca de 4% das crianças têm algum tipo de alergia alimentar, 12% têm alergias respiratórias e quase 10% têm algum tipo de alergia de pele2. Segundo a Associação Brasileira de Alergia e Alergologia (ASBAI), no Brasil, 20% das crianças e adolescentes são asmáticos, enquanto 12,5% das crianças e 20% dos adolescentes entre 13 e 14 anos têm rinite3. A ASBAI afirma ainda que não existem estatísticas oficiais sobre alergias alimentares no país, mas que um estudo realizado por gastroenterologistas pediátricos aponta a alergia à proteína do leite de vaca como a mais comum (2,2%)4.
Neste texto, iremos explicar para você quais são os tipos de alergia em crianças, quais são os principais gatilhos que afetam os pequenos e o que os pais e responsáveis podem fazer para amenizar os sintomas e evitar novas crises alérgicas.
Alergia infantil: saiba quais gatilhos provocam crises alérgicas
Entender os gatilhos por trás das crises de alergia em crianças é fundamental para saber como proteger os pequenos. Ter conhecimento sobre como ajudar uma criança com alergia evita sofrimento e situações desafiadoras. Para começar, é importante destacar que existem quatro tipos frequentes de alergias: alimentar, de pele, respiratória e alergia à picada de insetos. Cada um deles provoca sintomas diferentes e tem formas de prevenção diferentes.
1. Alergia respiratória
Um tipo comum de alergia em crianças é a alergia respiratória. Exemplos bastante conhecidos são a asma e a rinite alérgica em crianças. Entre os sintomas mais frequentes da rinite alérgica, podem ser citados coceira no nariz, olhos ou garganta, crises de espirro, coriza e obstrução nasal5.
As crises de alergias respiratórias são desencadeadas pela inalação de alérgenos, como contato com mofo, ácaros e pólen. Além disso, a exposição à fumaça do cigarro, fumaça emitida por fogões a lenha, pelos de cães e gatos e quadros de infecções virais são listados como alguns dos principais gatilhos em crianças1.
Para evitar os incômodos causados, é importante que a criança receba um diagnóstico preciso e tenha acompanhamento médico. O objetivo do tratamento com as medicações adequadas é controlar os sintomas que podem comprometer a qualidade de vida.
A higienização da casa é fundamental para eliminar ácaros e mofo e diminuir a quantidade de poeira e de pelos de animais. Ela deve ser feita, se possível, com produtos que não tenham cheiro. Mantenha tapetes e carpetes sempre limpos. Se puder evitar tê-los em casa, melhor ainda! Livros e bichos de pelúcia podem acumular poeira e ácaro e também devem ser evitados. Deixe travesseiros, colchões, cobertores e roupa de cama que não estiverem sendo usados em sacos bem fechados e lave-os sempre antes de usar. Além disso, é recomendado que pais e responsáveis não fumem dentro de casa e nem no carro1.
2. Alergia de pele
A alergia na pele em crianças é aquela que se manifesta por meio de sintomas que afetam a pele. Dois exemplos principais são a dermatite atópica, que causa coceira e deixa a pele seca, e a urticária, que provoca inchaço e caroços ou placas vermelhas que coçam muito na pele(6;7) .
Nas crianças com urticária, os gatilhos mais comuns são infecções, uso de medicações e alguns tipos de alimentos7. Um estudo também apontou que há uma relação entre o aparecimento de sintomas da urticária e mudanças no clima, exposição ao calor e ao frio e estresse8.Já os gatilhos mais frequentes para dermatite atópica são suor excessivo, contato com calor, ansiedade e infecções. Alergias alimentares também podem estar relacionadas ao agravamento dos sintomas9.
Portanto, para evitar alergia na pele em crianças, é preciso evitar que o pequeno saia de um ambiente muito frio para um local muito quente e vice-versa. Quanto ao suor e ao calor, não há muito o que fazer: crianças gostam de brincar e correr e, eventualmente, vão acabar suando. Por isso, tenha sempre água e uma toalhinha em mãos para secá-las. Prestar atenção ao aparecimento dos sintomas e conversar com um pediatra também são atitudes úteis no caso de alergias provocadas por medicações e alimentos, já que identificar qual remédio e qual comida pode ter desencadeado a alergia ajuda a evitar futuras crises.
3. Alergia à picada de insetos
Outro tipo comum de alergia em crianças é a alergia à picada de insetos, especialmente no Brasil, por causa do clima tropical, quente e úmido. Qualquer tipo de inseto que pica pode provocar reações alérgicas e isso vale para os mosquitos, pulgas e carrapatos, por exemplo. O motivo por trás da alergia é a hipersensibilidade a antígenos presentes na saliva desses bichinhos, que pode causar vermelhidão, lesões em forma de vesículas e bolhas, além de coceira10.
Este tipo de alergia é mais comum nos meses de verão, então, é importante desconfiar se aparecerem sintomas parecidos nessa época do ano. Por mais difícil que seja, a criança deve ser orientada a não se coçar. Cortar suas unhas pode ajudar a evitar mais lesões e infecções bacterianas secundárias. É importante também levar o pequeno até o médico para descobrir o tratamento mais adequado para o caso10.
O uso de roupas compridas serve como barreira física contra os insetos e evita as temidas picadas. O mesmo vale para telas nas janelas e portas e mosquiteiros ao redor de camas e berços, especialmente no nascer e no pôr do sol. A limpeza da casa e a eliminação de criadouros, como lixo e objetos que acumulam água, evitam a proliferação de mosquitos. Por fim, a aplicação de repelentes também é útil, mas é necessário consultar o pediatra a respeito da idade mínima ideal para uso10.
4. Alergia alimentar em criança
De acordo com um estudo, alergias alimentares podem afetar até 6% das crianças em idade escolar, especialmente as mais novas. Reações alérgicas, segundo a pesquisa, costumam acontecer pelo menos uma vez a cada dois anos durante o período escolar1;11. Entre os sintomas mais comuns estão reações na pele, como erupções cutâneas e inchaço, incômodos respiratórios, como tosse e chiado, e problemas gastrointestinais, como vômitos, náuseas e diarreia1.
Entre os alimentos, os gatilhos mais frequentes para alergia em crianças são leite e derivados, amendoim, ovo, castanha, soja, trigo, alho, peixes e frutos do mar. A melhor forma de evitar uma nova reação alérgica é identificar se a criança ingeriu algum alimento logo antes de apresentar os sintomas. Com isso, é preciso ir ao médico e, em algumas situações, fazer exames para confirmar o diagnóstico 1;11.
A partir daí, conforme orientação médica, será necessário evitar que a criança consuma o alimento causador da alergia. Esta tarefa em casa costuma ser mais fácil, já que há um controle maior sobre a alimentação. O problema persiste, no entanto, nas idas a restaurantes e lanchonetes, em festas de aniversário e almoços em família. Procure orientar amigos, familiares e pessoas próximas, como professores, a respeito da alergia e da importância de não deixar a criança ingerir este alimento.
Evitar o gatilho é fundamental para evitar a crise alérgica
Agora que você já conhece os principais tipos de alergias, lembre-se que é essencial procurar ajuda médica assim que a criança apresentar algum sintoma de alergia. Feito isso e recebido o diagnóstico adequado, será hora de fazer mudanças na rotina para ajudá-la a evitar os gatilhos que levam às crises alérgicas. Como diria o ditado, é melhor prevenir do que remediar!
Este artigo não substitui a consulta com um médico. Allegra® deve ser usado como indicado na bula. Se você suspeita que tem alguma alergia, procure seu médico ou um alergista. Apenas eles podem realizar um diagnóstico adequado.
1. Chad Z. Allergies in Children. Paediatr Child Health 2001 Oct; 6(8): 555–566.
2. Xu G, Liu B, Yang W, Snetselaar LG, Chen M, Bao W, et al. Association of Food Allergy, Respiratory Allergy, and Skin Allergy with Attention Deficit/Hyperactivity Disorder among Children. Nutrients [Internet] 2022;14(3):474.
3. Alergias na Infância. Associação Brasileira de Alergia e Imunologia. Outubro de 2019. Disponível em: https://asbai.org.br/alergias-na-infancia-2/. Acesso em 29/04/2022.
4. Solé D, Silva LR, Cocco RR, Ferreira CT, Sarni RO, Oliveira LC, et al. Consenso Brasileiro sobre Alergia Alimentar: 2018 - Parte 1 - Etiopatogenia, clínica e diagnóstico. Documento conjunto elaborado pela Sociedade Brasileira de Pediatria e Associação Brasileira de Alergia e Imunologia. Documento conjunto elaborado pela Sociedade Brasileira de Pediatria e Associação Brasileira de Alergia e Imunologia. Arq Asma Alerg Imunol. 2018; 2(1):7-38
5. Arasi S, Pajno GB, Panasiti I, Sandoval M, Alvaro-Lozano M. Allergen Immunotherapy in children with respiratory allergic diseases. Minerva Pediatr 2020;72:343-57.
6. Akdis CA, Bousquet J, Grattan CE, Eigenmann PA, Hoffmann-Sommergruber K, Agache I, et al. Highlights and recent developments in skin allergy and related diseases in EAACI journals (2018). Clin Transl Allergy 2010; 9.
7. Shin M, Lee S. Prevalence and Causes of Childhood Urticaria. Allergy Asthma Immunol Res. 2017;9(3):189-190.
8. Lee SJ, Ha EK, Jee HM, Lee KS, Lee SW, Kim MA, et al. Prevalence and Risk Factors of Urticaria With a Focus on Chronic Urticaria in Children. Allergy Asthma Immunol Res. 2017;9(3):212-219.
9. Lyons JJ, Milner JD, Stone KD. Atopic dermatitis in children: clinical features, pathophysiology, and treatment. Immunol Allergy Clin North Am. 2015;35(1):161-183.
10. Sociedade Brasileira de Pediatria. Picadas de Inseto - Prurigo Estrófulo ou Urticária Papular. Departamento Científico de Dermatologia. Dez. 2016;(2).
11. Nowak-Wegrzyn A, Conover-Walker MK, Wood RA. Food-Allergic Reactions in Schools and Preschools. Arch Pediatr Adolesc Med. 2001;155(7):790–795
Leitura recomendada
ALLEGRA® (cloridrato de fexofenadina). Indicações: é um anti-histamínico destinado ao tratamento das manifestações alérgicas, tais como sintomas de rinite alérgica (incluindo espirros, obstrução nasal, prurido, coriza, conjuntivite alérgica) e urticária (erupção avermelhada e pruriginosa na pele). MS: 1.8620.0010. O USO DO MEDICAMENTO PODE TRAZER ALGUNS RISCOS. Leia atentamente a bula. SE PERSISTIREM OS SINTOMAS, O MÉDICO DEVERÁ SER CONSULTADO. ABR/22. MAT-BR-2201281